A alimentação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser um grande desafio — e um dos temas que mais preocupa as famílias é a seletividade alimentar. Se você é mãe, pai ou cuidador de uma criança autista e está enfrentando refeições difíceis, saiba que você não está sozinho. A seletividade alimentar é muito comum no TEA, e, com paciência, estratégias corretas e apoio profissional, é possível melhorar significativamente esse quadro.

🧠 Por que a seletividade alimentar é tão comum no autismo?

Crianças com autismo podem apresentar:

  • Hipersensibilidade sensorial: odores fortes, texturas, sons durante a refeição ou até a temperatura dos alimentos podem causar incômodo real.
  • Rigidez comportamental: preferência por rotinas fixas e alimentos repetitivos.
  • Ansiedade e dificuldade de comunicação: que podem dificultar a introdução de novos alimentos ou o entendimento do momento das refeições.

🍎 Como ajudar seu filho com seletividade alimentar?

1. Procure um time interdisciplinar

O tratamento da seletividade deve envolver uma equipe composta por:

  • Nutricionista especializado em TEA (AGENDAR CONSULTA)
  • Terapeuta ocupacional (com foco em integração sensorial)
  • Fonoaudiólogo (se houver questões orais/motoras envolvidas)
  • Psicólogo e/ou terapeuta ABA (análise do comportamento aplicada)

2. Respeite o tempo da criança

Pressionar para “comer tudo” ou forçar novos alimentos costuma gerar mais resistência. Prefira a abordagem da exposição gradual e respeitosa.

3. Comece com o que é familiar

Use alimentos que a criança já aceita para criar pontes com novos alimentos. Exemplo: se ela come batata frita, você pode introduzir batata assada com corte e cor semelhantes.

4. Brincar com a comida pode ser positivo

Atividades lúdicas como pintura com purês, colagens com frutas ou explorar texturas com as mãos podem reduzir o medo de novos alimentos.

5. Trabalhe a rotina alimentar

Estabelecer horários, ambientes tranquilos e rituais simples antes da refeição ajuda a preparar a criança. Evite distrações como telas durante as refeições.

6. Anote e celebre progressos

Crie um diário alimentar e anote os avanços, mesmo que pequenos (cheirar, tocar ou lamber um novo alimento já é uma vitória!).

7. Tenha expectativas realistas

A evolução pode ser lenta, e tudo bem. O importante é garantir que a criança esteja bem nutrida, ganhando peso adequadamente e recebendo os nutrientes essenciais — mesmo que de fontes alternativas.


❤️ Um passo de cada vez

A seletividade alimentar no autismo pode parecer um obstáculo enorme, mas com amor, persistência e orientação certa, é possível transformar a relação da criança com os alimentos. Não se trata de fazer com que ela coma “de tudo”, mas sim de oferecer uma alimentação mais variada e nutritiva dentro do que é possível para ela.

Se você sente que está nessa jornada sozinho, lembre-se: existem profissionais que podem caminhar ao seu lado — e outras famílias passando pelos mesmos desafios.